Uma antena com “bigodes” se projeta pela janela, porém é apenas um disfarce, uma simulação. O sinal televisivo na realidade vem por um cabo que atravessa vários terraços e uma rua. O cabo ilegal traz a várias famílias uma seleção de desenhos animados, novelas e musicais por uns dez pesos conversíveis ao mês. Só o dono de uma parabólica pode decidir o que se pode ver em cada momento. Com o controle remoto nas mãos tem o poder de mudar de canal e decidir a que terão acesso todos os clientes da sua rede. Evita temas políticos para não se meter em problemas e privilegia os reality shows. O resultado final é uma televisão para se alienar, para escapar da cotidianidade, um resumo de pouco valor cultural, porém com muita diversão.

Afortunadamente não temos que escolher só entre estas duas opções. A antena parabólica “filtrada” ou a visão parcial da TeleSUR não são – hoje em dia – nossas únicas possibilidades. Faz meses que aumentou a oferta de pacotes adquiridos no mercado alternativo que reúnem documentários e séries. Uma televisão por demanda, uma programação ao gosto de cada um que é distribuída em meios digitais como discos duros e memórias USB. Se a produção nacional não se diversifica e aumenta perderá uma parte da sua audiência frente a estes novos competidores e terminará sendo uma acumulação de programas tirados ou pirateados de outras televisões, uma superposição de materiais audiovisuais sem personalidade própria nem atrativo.
Tradução e administração do blog em língua portuguesa por Humberto Sisley de Souza Neto